Trago um grito preso no peito
Refém duma dor que invadiu o meu ser
Uma força centrífuga a sugar-me o espectro
Da sinergia vital que já foi o meu querer
Trago férreas grilhetas a tolher-me o âmago
Preso num cárcere de fria escuridão
E o meu grito acossado que nasce espontâneo
Morre num nó de cega aflição
Trago um peso de insuportável ardor
A esmagar-me a ferida da alma doente
E o dilacerante gemido de que sinto pavor
Amordaço-o com cordas de força indigente...
...
Preciso encontrar um sítio
Onde soltar o meu grito!
Dêem-me ar puro, espaço,
Preciso desatar o laço!
Quero enterrar o meu grito
Soltando-o do meu peito aflito!
Encontrem-me mar alto, ravina,
Onde possa recompor minha sina,
Sacudir o meu grito,
Lavar meu espírito!
Deixem-me gritar!!!
(Grito guardado no peito durante vinte anos, e ainda hoje em prisão perpétua...)
1 comentário:
Mommy... Que te dizer?
Apenas te peço que se encontrares tal sítio para desatares o nó que esse grito faz sentir, diz-me que eu quero lá ir também....
E sabes, Mommy, não é à toa que as pessoas se cruzam nesta vida. Um dia perguntei-te onde estavas quando... ao que respondeste qualquer coisa como "não interessa onde estava, interessa que estou". Obrigada por também me ensinares a ser rocha.
Adoro-te, Mommy.
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