MEUS OLHOS (A)MAREJADOS
As águas dos teus olhos eram doces,
corriam ao sabor do meu enlevo
em olhares adornadas d'arcos de íris
- antecâmaras dos nossos abraços...
As águas dos meus olhos eram chuvas
mansas, em descuido ímpio de Osíris,
uniam-nos crentes nós, cegos laços
- da Vida te esperava eterna posse...
As águas do teu rio eram tão doces,
que na foz me amargaram o beijo último
- e o ardor me salgou os olhos tristes...
As águas dos meus olhos marejaram,
e guardaram para sempre as tuas águas
- nelas busco, dia-a-dia, as minhas chuvas...
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