quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CONCEPÇÃO

Separa-nos só o véu que me atravessa,
do meu ventre às tuas asas, anjo meu…
separa-nos só o céu que me confessa
que a eternidade é minha cúmplice, e eu,
mãe ainda,
embalo-te no meu útero de esperanças,
alimento-te de fluidos essenciais,
(que das lágrimas retêm semelhanças),
até que eu parta, anjo meu, aos meus sinais.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Botões que nos apertam

Sabes?
Sabes.
Ainda tenho no peito
o calor doce que deixaste,
doce amor, nem a saudade
te rouba o lugar cativo,
trago-te sempre comigo,
ao alcance de um beijo meu.
Sabes?
Foi tão forte o nosso abraço,
que nunca desapertou...
e o perfume que deixou,
de tão doce, fez nascer
rosas dentro do meu peito,
doce amor, ainda em botão,
à espera que o teu toque
as faça abrir com jeitinho
e desaperte em ternura
este amor que em mim perdura
e que cuido com carinho.
Doce amor, virá um dia
em que enfim desfolharão,
mas sei que te tenho perto
pra me dares a tua mão
e me mostrares o caminho
sobre as pétalas já sem ninho...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

RIO DOCE


Tinhas nos olhos um rio doce
e eu fui margem que te quis tanto!...
Mas quis-te a foz mais do que eu
te pude amar ou te prender...
E nas dores minhas de te perder
salguei meus olhos, tornei-me mar,
fui o teu berço de desaguar...

Tinhas nos olhos um rio doce
que guardei dentro dos meus,
mas da mistura que fiz de nós
só o azul aconteceu,
já que em pura sublimação,
todo o teu ser se elevou,
todo o meu ser é reflexão:
mar desespero e puro céu...