quarta-feira, 25 de novembro de 2009


ALGUÉM ME DISSE...


Alguém me disse que nenhuma criança
Deveria morrer ao amanhecer da vida,
Que a saudade de um filho é aberta ferida
Salgada de lágrimas e mantida em esperança...


Alguém me disse que dos sorrisos ternos,
Os de maior brilho, os que são maior bênção,
São os das crianças que já não o são,
Porque voam no céu como anjos eternos...


Alguém me tocou com a grata certeza
Que o tempo que passa não macula a imagem
Um dia gravada numa alma de mãe...


E eu, nos meus versos de sã singeleza,
Elevo uma prece em sentida mensagem:
Meu Anjo, ilumina quem vier por bem!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009


JÁ OUTONO...


O Outono faz-se

em gritos de vento

e sangrar de folhas

arrancadas a frio,

e reflecte no rio

as cores da agonia

de um ciclo cumprido...


Vinho adormecido

em promessa de Inverno,

o meu pranto imolado

rescende neblinas

em rescaldo de feridas,

lembra-me saudades


ainda quentes,


ainda frescas,


ainda e sempre...


sexta-feira, 13 de novembro de 2009



AINDA EM MIM

És em mim

Lírio aceso,
Círio em flor,
Dia de estrelas,
Sol em crescente,
Grito de seda,
Silêncio crente,
Pranto de mel,
Olhar fundente...

Ainda em mim

És só saudade
Do que não foi,
De tudo, enfim,
Que me é dado
Imaginar...

Amargo-doce,
Este lembrar
É poesia
Lavrada a lágrimas...

De faz-de-conta,
O desfolhar
Das tuas pétalas
Nas minhas páginas...
E os anos passam
Sem ninguém ver
Como serias
Linda e mulher...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009


ANJO DA GUARDA


Guarda-me na luz tua tão divina,
Anjo que no peito ainda e sempre chamo
Nas horas difíceis imersa em neblina,
Nos fulgores acesos de efémero bálsamo.

Anjo que em dor ainda e sempre chamo
Quando o sol de Inverno me beija na fronte
Ungida das lágrimas que por ti derramo
E tu purificas na luz de que és fonte.

Quando a saudade fria me beija na fronte
Poisa-me na alma o teu toque ainda,
Como nuvens rosa aflorando o horizonte
Perfumando a brisa de uma paz infinda...

Poisa-me na alma o teu toque breve
Em bondade de anjo que me enche de luz,
Talvez sejam asas, branquinhas de neve
A elevar-me o peso da tão minha cruz!

Filha minha e sempre, que me enches de luz,
Meu Anjo da Guarda que de noite e dia
Meus incertos passos apoia e conduz...
Fica eternamente em minha companhia...