domingo, 23 de dezembro de 2012

Prece de Natal



(Misturo os símbolos
em prece original)


Meu Menino Jesus, eu sei,


no céu é sempre Natal,

mas hoje, para não ser igual,


faz de conta que o anjo que te anuncia


não paira no alto, sobre uma cabana...


faz de conta que sorri,


em moldura pequena,


que te guarda na luz de ternura terrena,


e que tu te transformas em gentil porcelana...


Assim, tão perto de mim

,
tão perto da minha materialidade,


Menino Jesus,

faz com que a inocência tenha a minha idade,


os gestos, a ingenuidade de quem ama


e o teu Anjo um nome de menina:


Diana.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

meu amor



dizias-me nos olhos, num beijo de lábios em botão: gosto de ti. e os teus braços, como tenros ramos de mimosas floridas, aproveitavam o vento do meu desejo de te apertar, muito, muito, e ficavam à minha volta, misturando cabelos, chilreios de beijos, bicadinhas ternas, embalos de ninho. muito, muito. e o amplexo apertava-se, até fazer doer o coração. depois, com o amor transbordado espalhado na tua pele, fugias-me, rindo, como criança travessa. e eu deixava-te ir, deixava-te fugir de mim, sabendo que eras passarinho que sempre voltaria ao berço. o meu colo era pouso que tu sabias universo e eu, eternidade. meu amor, aprendemos: nenhum abraço é maior que o universo nem maior que a eternidade - mas o nosso amor, meu amor, é um verso eterno.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sinto






pergunto-me se os meses sabem chorar...


que são lágrimas, afinal?,
se o que me dói
não é só Dezembro,
não é só Natal,
é antes o frio que me mói por dentro,
enquanto lá fora as chuvas escorrem
na face dos anjos que sabem sorrir
mesmo quando morrem.


respondo que o tempo ainda sabe sentir...

domingo, 9 de dezembro de 2012

Partição





Um terço de mim é céu,
do resto, tudo de meu
é terra:

semente, raízes, frutos,
chuvas de sal,
gelos de mel,
mares de esperança,
arbítrios de vento,
solstícios de gestos,
lágrimas de tempo,
beijos de criança…

e tudo o que em mim mais haja,
é o passar de um anjo,
é golpe de asa…


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Flor tão mínima no berço da minha mão




Mão tão mínima no verso da tua flor
de asas magoadas pelos voos
às minhas pequenas dores,
às minhas mínimas lágrimas...

No berço da minha mão te embalo
sempre,
menina flor,
meu grande amor.
meu fruto d'Eden,
que te vejo sempre,
que te beijo sempre
no verso das coisas mais simples


sexta-feira, 9 de março de 2012

LINDA...


Rezo-te sempre um poema
quando me lembro de ti
e só Deus sabe o dilema
que as palavras são em si:
pr'adorar-te, todas elas,
querem sair-me da alma...
mas das santas, só as belas,
me deixam em paz e calma,
pois lembrar-te (só lembrar-te!)
faz a Terra mais bonita,
faz o Céu obra de arte
e a Oração tão bendita!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Boa noite, meu amor...



Ao deitar-me,
recolho-me contigo
num íntimo sacrário
e confesso-te todas as horas do meu dia:
as lágrimas de orvalho,
os suspiros de brisa,
os geniozinhos de sol
e todos os beijos que te daria,
meu amor,
se ainda fosses
flor aberta aos meus abraços,
rosa a colher-me um sorriso
matinal.
Anoitecendo,
o murmúrio desta prece
é um cântico de ninar
subliminal.