sexta-feira, 16 de dezembro de 2011



POEMA BORDADO A RIMAS


Poema do meu ventre acontecido,
Se foras dor, ainda te amaria,
Por seres sangue de vida em alquimia,
Lírio de inocência em mim nascido.

Poema, se teu verso fosse lágrima
Que meus olhos colhessem em ternura,
Mesmo assim seria doce a leitura
Dos teus risos, em inocência e rima…

E o próprio Universo se enternece,
Quando nascem estrelas nos teus olhos,
E uma rosa no teu beijo acontece…

Escreves um poema no meu peito
Como eu, no teu vestido de folhos,
Bordei flores do meu amor perfeito.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

COR-DE-ROSA


Flor que plantei espinho e colhi rosa,
tão breve foi a cor que te tocou,
que mais do que a saudade que ficou,
foi o perfume doce que deixaste,
bálsamo sobre a dor da minha pele,
que com a tua luz cicatrizaste...

A minha alma, essa... ficou cor-de-céu.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

QUANDO RIAS

Dos teus lábios,
Lembro o prenúncio das rosas
Em entreabrir de inocências,
No jardim do teu sorriso
Orvalhado de poemas…

Meu amor,
Ainda sinto entre os dedos
Os cristais do teu perfume,
Vestígios puros da brisa
Que te cantava os cabelos…

Sempre e ainda
Reencontro as andorinhas
Que nos teus olhos moravam,
E que partiram um dia
Para além da Primavera…

Meu amor,
Nem o Inverno consegue
Manter fria a flor de neve
Quando me aquece a saudade
Dos poemas que escrevias…

Quando rias.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pequenos milagres


Gosto do ninho das coisas,
do amar imenso em que te encerro,
pequenina,
como rosa única de dezembro,
sempre minha...
(botão que aperto no meu peito,
e em tanto amor se abre,
em pequeninos milagres...)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

EXTRACTOS DE UMA DOR PRÓPRIA


"...Numa noite fria dum Inverno amargo, perdeu-se a dor na minha alma. Um nevoeiro denso cobriu as margens do meu rio, congelou-lhe a fluidez plácida em gumes cortantes de desespero... E a minha dor, pobre, mártir, exangue, vagueou nas trevas, aprisionada para sempre nos calabouços do meu peito..."

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"...As garras frias duma dor maldita subjugaram-me ali, num instante de tristeza que durou um tempo infinito. Um tempo que não coube no tempo, imensurável. Porque eu o quis negar, ficando assim, imóvel e gelada, petrificada, como se quisesse enganar a Vida... ou a Morte...
Como se quisesse que ela (a Vida ou a Morte), passasse por mim sem se aperceber de mim, sem me magoar, sem me ferir, sem me notar..."

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*...Às vezes caio, pesadamente, doridamente. Deixo a tristeza aproveitar-se de mim, invadir-me, violar-me, estraçalhar-me. Amordaçar-me os olhos que se imobilizam, num foco frio, sem vida... Sinto-a percorrer-me a pele, sinto-lhe o toque gelado, as garras, o peso, bruto, esmagando-me na apatia, no quebranto de alma. ´
E o Tempo pára...
Cúmplice dela ou meu cúmplice?
Com requintes de malvadez ou piedade de algoz?
Com sede de lágrimas, que me exige avaro e seco, ou com dó de mim, para que eu não lhe guarde memória?
Para ser gozo de si próprio ou lapso do meu entendimento?...
...
O Tempo é servo da Dor... infiel, para nosso conforto. Porque quando ela (a Dor) nos esgota, quando já não tem mais nada para nos extorquir e deixa de lhe pagar a maquia (ao Tempo), ele trai-a, fica do nosso lado, joga a nosso favor... mas leva o seu tempo! ...*

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sexta-feira, 22 de julho de 2011

GUARDO-TE NA ALMA


O coração é um cofre aberto.
A alma, um cofre-forte.
O coração é uma caixinha frágil, permeável e volátil, à mercê das paixões.
A alma, uma caixa-forte, inviolável e segura, guardada acima do alcance de vis e vãos sentimentos.
O coração parte-se facilmente, mas refaz-se, embrulha-se de papel de fantasia, e está pronto, para nele entrarem e sairem amores de momento certo, amizades de tempo incerto.
A alma embate e resiste, é nua de disfarces, transparente de cores, invisível de matérias. Mas os danos sofridos ficam para sempre marcados a sangue vivo, visível só por dentro, perceptível por fora apenas a roçares de íntimo querer, ou de sensíveis toques de irmandade nascida...
No coração guarda-se o amor perecível, ainda que vestido de eternidade.
Na alma guarda-se a eternidade do amor, mesmo aquele que demos a quem já pereceu... a quem já passou, e só deixou o perfume, a aura, nua de presença, mas tão cheia de luz!!
No coração guarda-se a lembrança.
Na alma guarda-se a saudade.
No coração, a esperança.
Na alma, a fé.
No coração, a dor.
Na alma, a mágoa.
No coração, a paixão.
Na alma, o amor.

O coração é volúvel.
A alma... insolúvel.





segunda-feira, 11 de julho de 2011

Há silêncios que são lágrimas



Há silêncios que são lágrimas,
meu pequenino amor,
a contornar-te a imortalidade
em certezas que me são colo
e afago.
Há silêncios que são beijos líquidos,
meu eterno amor,
que me ungem mãe sublimada
e me perfumam de essências raras,
dulcíssimas...
E nem a dor que me nasceu no peito
(há tanto tempo),
e me floresce nas mãos órfãs,
desespera em chaga incurável:
porque,
meu anjo,
há quem diga que lágrimas são saudades...
eu digo que,
simplesmente,
há saudades que são lágrimas
-
de Amor.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

RETRATO ESCRITO

os seus olhos eram pássaros miudinhos, a esvoaçarem a par.
e tinham asas de ouro fino, sempre em inquieto pulsar.
o céu que os sustentava era de seda rosada, iluminada a inocência.
e havia linhas graciosas, nesse céu
cor-de-pétala em perfumada ambiência,
como se desenhassem poemas
à flor-da-pele,
à flor-da-pena.
em face, cumpria-se numa papoila o jardim
que me sabia o melhor nome
e esboçava beijos feitos de vermelho ao vento

que eu colhia em ramos e abraços
e apertava ao peito
com o amor eterno de que eram feitos
os nossos laços...

domingo, 30 de janeiro de 2011

De tanto te lembrar...


De tanto te lembrar,
penso ainda
que se mantém quente a tua cama,
que a tua voz sente e ainda chama
o amor que dorme no meu seio
a meio desta noite entre nós duas...
penso ainda
que de manhã me acordas para o dia
em que proteger-te só seria
embalar-te com ternura nos meus braços
e fingir que a vida continua...