quinta-feira, 10 de dezembro de 2009




HOJE CHOREI PÉTALAS...




Vinte e quatro pétalas,

desgarradas da flor

que não chegaste a ser...

em cada derramo

um hino supremo

e ainda te amo,

ainda te amo...



Vinte e quatro pérolas

de um diadema

que te teço em lágrimas,

que te meço em séculos

(ou serão segundos?...)

Ainda te sinto,

ainda te sinto...



Dos meus olhos nascem

pétalas em cadência,

soltam-se em aroma,

pousam-me nos lábios,

arrastam-me um beijo...

...e ainda te vejo,

ainda te vejo...
(8 de Dezembro de 2009)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


ALGUÉM ME DISSE...


Alguém me disse que nenhuma criança
Deveria morrer ao amanhecer da vida,
Que a saudade de um filho é aberta ferida
Salgada de lágrimas e mantida em esperança...


Alguém me disse que dos sorrisos ternos,
Os de maior brilho, os que são maior bênção,
São os das crianças que já não o são,
Porque voam no céu como anjos eternos...


Alguém me tocou com a grata certeza
Que o tempo que passa não macula a imagem
Um dia gravada numa alma de mãe...


E eu, nos meus versos de sã singeleza,
Elevo uma prece em sentida mensagem:
Meu Anjo, ilumina quem vier por bem!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009


JÁ OUTONO...


O Outono faz-se

em gritos de vento

e sangrar de folhas

arrancadas a frio,

e reflecte no rio

as cores da agonia

de um ciclo cumprido...


Vinho adormecido

em promessa de Inverno,

o meu pranto imolado

rescende neblinas

em rescaldo de feridas,

lembra-me saudades


ainda quentes,


ainda frescas,


ainda e sempre...


sexta-feira, 13 de novembro de 2009



AINDA EM MIM

És em mim

Lírio aceso,
Círio em flor,
Dia de estrelas,
Sol em crescente,
Grito de seda,
Silêncio crente,
Pranto de mel,
Olhar fundente...

Ainda em mim

És só saudade
Do que não foi,
De tudo, enfim,
Que me é dado
Imaginar...

Amargo-doce,
Este lembrar
É poesia
Lavrada a lágrimas...

De faz-de-conta,
O desfolhar
Das tuas pétalas
Nas minhas páginas...
E os anos passam
Sem ninguém ver
Como serias
Linda e mulher...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009


ANJO DA GUARDA


Guarda-me na luz tua tão divina,
Anjo que no peito ainda e sempre chamo
Nas horas difíceis imersa em neblina,
Nos fulgores acesos de efémero bálsamo.

Anjo que em dor ainda e sempre chamo
Quando o sol de Inverno me beija na fronte
Ungida das lágrimas que por ti derramo
E tu purificas na luz de que és fonte.

Quando a saudade fria me beija na fronte
Poisa-me na alma o teu toque ainda,
Como nuvens rosa aflorando o horizonte
Perfumando a brisa de uma paz infinda...

Poisa-me na alma o teu toque breve
Em bondade de anjo que me enche de luz,
Talvez sejam asas, branquinhas de neve
A elevar-me o peso da tão minha cruz!

Filha minha e sempre, que me enches de luz,
Meu Anjo da Guarda que de noite e dia
Meus incertos passos apoia e conduz...
Fica eternamente em minha companhia...







segunda-feira, 12 de outubro de 2009

ANJO QUE GUARDO

Guardo-te no peito a ausência de seres
Flor de seiva viva, essência mantida
Ao alcance de ter-te, rosa escolhida,
Parcela melhor de meus parcos haveres.

Guardo-te no peito a presença serena,
Luz de rara aura, angelical amplexo,
Veludo de pétalas onde genuflexo
Em sentida prece por merecer-te plena...

Liberto-te do peito em partir alado,
Ciente de ter-te comigo e com Deus,
Grata por haver-te sentido e guardado

Por tão breve tempo de infinito querer,
Delicada estrela que abrilhanta os céus
Luz da minha alma, onde prendo o sofrer...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009


CREIO, ADORO, ESPERO E AMO-TE...


Creio firmemente num anjo
Que eu criei para os céus,
Brincando entre os Arcanjos
Cuida de mim e dos meus.

Canto-lhe na alma um hino
Por cada dia que tenho,
Escrevo orações que assino
Com meu maternal empenho!

Meu canto já foi saudade,
-Quem sabe se ainda é!-
Mas em eterna verdade
Meu pranto é sempre de fé.

Creio haver um anjo só meu
Que me sorri de manhã
Enquanto, pela mão de Deus,
Passeia em nuvens de lã.

Minha prece é abençoada
Porque a eleva ao Senhor
A menina aos céus levada
Por desígnios de sacro Amor!

Creio nas graças de um anjo
Quando olho os seus irmãos
E com orgulho os revejo
Fortes, felizes e sãos...

E sinto que uma doce luz
Lhes ilumina o caminho,
Por eles, ela, a Jesus
Intercede com carinho!

O tributo que paguei
Medido a peso de lágrimas,
Vale o bem que resgatei
E que canto nestas páginas!...

"Meu Anjo...
creio, adoro, espero e amo-te...

Peço-te perdão por (ainda) te querer...
filha... "



terça-feira, 11 de agosto de 2009


À LUZ DO TEU ESPÍRITO, DOCE ANJO MEU...



Tenho ainda,

num pincel guardados,

as tintas pastel,

os pontos de luz,

as sombras diáfanas,

com que quero pintar-te

em tela de nobre

textura e valor...

Receptáculo divino,

esse canvas que guardo

religiosamente,

é minha alma pura,

cuidada em carinhos,

mantida em saudade...

A moldura...

sou eu,

os meus braços ciosos

dos abraços mimosos

com que te cerquei em vida...

e assinarei com beijos

ainda iguais a tantos

que eu te dei, querida!...



Guardo em mim,

com ternura infinita,

os requebros que quero,

os retoques perfeitos,

a profundidade certa

e os tons eleitos

com que sonho pintar-te,

minha prima-obra-d'arte!



Nascida de mim,

te guardo em imagem

etérea e angélica

na alma dorida...



Criada por mim,

ainda sonho a arte

d'em reais cores captar-te

para sempre eterna!...



Assim Deus queira

fazer descer em mim

a tua aura terna!...


quinta-feira, 25 de junho de 2009


AMO-TE, TÃO TERNAMENTE



Amei-te...
tão ternamente!...
E revejo-te a ensaiar passos de encontro
aos meus passos e abraços
tão felizes,
que de amar-te guardo o riso,
guardo a fonte,
da saudade que me segue
em passos próximos...


Amei-te...
tão ternamente!...
Que em memória se me embarga
a voz, de rouca,
quando leio a história que te contou...
E as palavras que sabias, de tão poucas!,
-a mais bela, a mais ouvida, a mais gravada,
tenho-a ainda no meu peito cravejada:

-MÃE...


Ai de quem
perde o eco desse apelo
assim ceifado,
sem aviso,
arrancado!


E eu preciso
eternamente
repetir-me
a saudade,
repetir-te
eternamente:


Amo-te...
tão ternamente!...



O DIA EM QUE EU CHOREI PARA DENTRO


O dia em que eu chorei para dentro foi-me fatal. Essa manhã acordou já húmida, o Inverno agarrara-se a fiapos de nevoeiro, tentando aquecer-se, mas o efeito foi o contrário: fiapos de algodão levados a frio extremo transformam-se em agulhetas de gelo... que ferem, que fazem sangrar...Mas foi a humidade que me danificou, mais que o frio. O frio foi até meu amigo, paralisou-me, ficou ali comigo, petrificou-me, como se quisesse que a Dor passasse por mim sem me notar...A humidade foi-me cruel fatalidade. Não aquela que pingava na visibilidade do ar, cá fora! Não, essa não. O problema foram as lágrimas quentes, que, trementes e tementes do frio cá fora, se recolheram aos meus olhos e me caíram para dentro... Não sei bem que dano irreversível me causaram, sei lá, um curto circuito interno, sei lá!..Sei que nunca, nunca mais, consegui voltar a ligar a alavanca de Arquimedes, e erguer-me acima do nevoeiro......e o sol que consigo, é sol inventado, algures entre uns olhos de mar e uns olhos de mel... e um bater de asas de anjo...



(relembrando...)



INFILTRAÇÃO



Sinto a minha alma molhada,

Empapada.

Acho que o meu coração cedeu,

Rompeu...

E uma infiltração difusa

Escorre por fenda obtusa.

Será chuva?


O meu coração é um charco,

Um barco

Sem fundo e sem vela,

Aguarela

Sem cor e sem vida,

Mera força amolecida...

Naufrago?


A minha alma apodrece,

Esvaece.

Do coração trespassa,

Perpassa,

A humidade que mina

Os alicerces da ruína...

Será só orvalho?


O meu coração goteja,

Mareja,

Molha a minha alma frágil,

Intáctil.

E rios de cristal fluído

Aquecem-me o olhar perdido......

São lágrimas!

terça-feira, 28 de abril de 2009




(alinhavos...)


Não ter-te é lição que não aprendo,

Prima arte que refaço, dia-a-dia,

Na ilusão de moldar-te em maestria

E bordar-te só no sonho a que te rendo...


Mas não sei aprender a não te ter,

Por mais que me ensine a vida mestra!...


Nos sentidos retalhados p'lo sofrer,

Aprendiz, alinhavo o que me resta...

sábado, 25 de abril de 2009


DEVOÇÃO


Gostar de ti

é um poema inacabado,

verso em intangível rima, terna e eterna,

que no advento de um reencontro adiado,

aperfeiçoo em sublime, crente novena...


Gostar de ti

é um cântico que não me canso

de cantar, na ânsia da perfeição...

gorjeio nobre tangido a dor, ribeiro manso,

que lambe as dores às pedrinhas do seu vau...


Gostar de ti

é poema que sei de sempre,

de cor e alma, mas que ensaio a primor,

porque o meu tempo no teu tempo de mim ausente

é tanto, que esperar-te é pranto, meu amor!...


E assim, neste compasso de solene saudade,

o teu poema reza-me a esperança do reencontro...

...e guardo-te, na devoção da eternidade!


terça-feira, 21 de abril de 2009



BEIJOS ALADOS




O adeus que nos separou, meu doce amor,

não se anunciou num beijo alado,

como tantos que criámos, lado a lado,

e lançámos, passarinhos, em voo e cor...




Esse adeus que te levou, amor tão meu,

abandonou-me, rasgada em mim, de ti perdida,

andorinha presa no Inverno, de asa ferida,

que desespera por não saber chegar ao Céu...




Cruel adeus, que me tomou em vil traição,

e me levou os beijos ternos que te ensinei...

como vivo sem os beijos que te dei,

se com eles foi também meu coração?...




Olhos meus, que de chorar-te me secam frios,

moribundos, que sem morrer, me vivem tristes...

Meu amor, do paraíso onde sei que existes,

lança-me um beijo, passarinho, mesmo que em pios...




Tomá-lo-ei, com mil carinhos, na minha mão,

Cuidá-lo-ei, com zelos mil, de mãe estremosa,

E aos meus lábios o levarei, botão de rosa,

Ânsia de alento, pulsar que volta a um coração!








quarta-feira, 8 de abril de 2009


BALADA DA SAUDADE


Bate mansa, triste e leve,
como quem chora por mim.
Será chuva? Será neve?
Neve não!, não é tão breve,
e a chuva não dói assim.

Será só melancolia,
que com frio e jeitinho.
se chega, muda e fria,
trazida pla ventania,
ao calor do meu cantinho...

Quem bate assim, docemente,
com a íntima certeza
de quem conhece a gente?
Não é dor o que se sente,
e há nela certa beleza...

Ah!... A saudade sorria
velada por fino véu,
branda e leve, branda e esguia,

há quanto tempo eu sabia
o seu toque de Morfeu!

Traz na mão argêntea taça.
Of'rece um gole de vinho,

e enquanto minh'alma abraça,
bebe a lágrima que embaça
os meus olhos, de mansinho...

Fico dormente, sem ais,
entrego-me, sem esperança,
e os meus alentos vitais,
por muitos instantes mais,
são réus da sua cobrança...

E de lábios inda feridos
pelo bordo de flagelos
do cálice dos meus sentidos,
sinto o abraço comovido
da saudade, em desvelos...

Mansa saudade, que é dor
sem me doer tanto assim!
Pois não me traz o calor
dos teus beijos, meu amor,
mesmo só dentro de mim?!...

E me entrego, dócil presa,
À saudade, em oração.

No rosário da tristeza
vou desfiando a certeza:
Estás no meu coração!...




...sempre...

segunda-feira, 16 de março de 2009

BREVE RAIO DE SOL BREVE


Sempre que te chamo, roças o meu rosto,

Beijo por mim passas, em brisas de asas,

Leve, o teu toque, diáfano e rosas,

Afasto-me o cálice, nego-me o desgosto...



Ao altar me chamas, em silêncio e luz,

Adorar-te eterna em prece sentida

É cruz que me elevas, filha prometida,

Doce dor saudade que mata e seduz.



És doce fragrância de manhã cristal,

Sempre que te sinto, rosa e orvalho,

Regato onde bebo, sombra a que me valho...



Círio e cera em lágrimas, cântico final,

Raio de sol breve que me iluminou...

...Arde em mim perene a dor que me ficou...



DOCE AMOR ETERNO




O que de mãe melhor te dei,
meu doce amor,
foi a vida que te gerei,
meu fruto em flor,
que não abriu, traíu a lei
e em ai de dor
me foi cortada, de mim ceifada
e eu não sei
se te replanto num céu que espero
arar um dia,
ou se na alma onde a saudade
o adeus adia!...

...



...Amo-te eternamente...

terça-feira, 3 de março de 2009


BEIJOS PÉZINHOS DE LÃ

Dos teus beijos, lembro as manhãs acordadas

por cheiros de amora e lírios

brancos, em ramos de mimos

enlaçados por abraços

e toques de seda e cílios...

Era de cristal teu riso,

de veludo teu contacto,

e os beijos, os beijos

que me davas de manhã,

vestiam docel de pétalas,

tinham pézinhos de lã!...



Das manhãs, lembro os teus beijos sem sono

a acordar-me o amor desperto

pelo aroma tenro de rosas

em botão desapertado...

E passarinho liberto

era teu chamar baixinho,

apelo guardado em ninho

da tua boca de beijos

tímidos, meigos, tocados

por subtis tons de manhã...


Beijos pézinhos de lã

ciosamente guardados

num legado de saudade

que elevo à eternidade...



A VIDA CONTINUA... (Vida e morte de um Grito)


Ele nasceu de parto provocado, arrancando uivos às profundezas do magma quente, que se contorceu em dores. Abriu-se uma fenda na mole incandescente e ele saíu, finalmente, deixando uma cicatriz atrás dele (por ironia), do feitio dum coração; não daqueles simétricos, estilizados... não!.. Um coração de verdade, redondo, tosco, de vasos quebráveis e relevo rugoso. E quente.

Agora começava a sua subida... Os rios correm para o mar, normalmente a um nível inferior da serra que os dá à luz. Mas ele não era um rio, apesar de ter um qualquer parentesco afastado com os rios... Ele era sangue e paixão, vida e morte, bala e ricochete, desespero e expurgo! Transportava em si torrentes de sentimentos. Nada sobrevivia em si, ele sobrevivia em tudo, nada lhe fazia margem, ele era a margem, entre a nascente e a foz. E acartava estilhaços de alma na corrente, não como flutuantes pedaços de madeira, mas como bracejos de velas, lutando para não naufragar.

A pulso e silêncio contido, subiu. Cresceu. Raiou de púrpura os ocidentes, asfixiou horizontes, esgazeou o olhar que o vendava, rasgou a garganta que o retinha. Soltou-se, enfim, em estridor de foz e expiação.

Subiu ainda, em decibéis de asas feridas, descobriu-se em liberdade, perdeu-se no vazio... e morreu, em ecos de grutas petrificadas pela indiferença (as grutas são da idade da pedra, já se habituaram aos voos sinistros e assustadores de morcegos famintos...).

Caíu por fim, no silêncio suspenso dum crepúsculo deserto. As estrelas que vieram vê-lo, acusaram o estertor ribombante do seu último suspiro e tremeram.

A noite adormeceu, vestida de luto.
O grito morreu!...

Mas amanhã... amanhã a aurora vai ser cor-de-rosa e pássaros jovens irão aprender gorjeios duma sinfonia reinventada.
A Vida continua...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009


BARCO À DERIVA



No dia em que eu quis morrer
Fui ao fundo da razão,
Mas o meu coração cheio
Trouxe-me à tona da Vida...

No dia em que me perdi
A minha alma guiou-me
E no brilho dos meus afectos
Naveguei de volta à Vida.

No dia em que fui ao fundo
Quis morrer a Vida amarga
Mas o lado doce do meu mundo
Aplacou a tempestade...

E na balança do meu querer,
Ou melhor, do meu sentir,
Pesou mais o meu amor
Pelos Amores em que flutuo...

Que são meu barco,
Meu vento,
Meu Mar,
Meu farol...


Que me suportam,
Me empurram,
Me sustentam,
Me salvam...

Obrigada, meus filhos!
Obrigada, meus Amores!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009



A amizade vale ouro... Conceição, - http://roquesilveira.blogspot.com/ - a minha parceira de navegação neste mar de letras de disperso azul, "condecorou-me" a ouro... Parece que agora tenho que fazer render os (l)ouros que me foram confiados e repartir este sêlo por seis mulheres que eu goste de ler... (São, vale devolver-te em dobro, vale?...) Pois, o pior é que as minhas andanças por estes mares não são assim tão vastas... vamos lá a ver se consigo distribuir todos os selinhos em tempo útil e não quebrar as regras do jogo... Para já, aqui ficam:

http://rosetunaladecorpoealma.blogspot.com/

http://marventania.spaces.live.com/blog/ (kkkk....)

http://www.kathleenlessa.prosaeverso.net/

http://www.filhos-e-companhia.blogspot.com/

http://controversamaresia.blogs.sapo.pt/

http://ameiavidainteira.blogspot.com/

Uff!... Agora tenho que avisar cada uma delas, não é?...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009


SAUDADE BONDOSA


"Chegaste num dia azul
Tocado de brilhos,
Partiste em dia cinzento
Sem norte e sem trilhos

Meu inefável amor,

A imensa dor que amargo
Não paga a suprema benção
De um Anjo ter criado"




*****

Vive no meu peito

uma certa saudade

velhinha de tanto sofrer.

Tem cabelos brancos,

rugas que são rios

de lágrimas feitos...
mas, juro e aceito...

apesar dos áridos estios,

apesar dos barrancos

que atravessou no viver...

sabe ser bondade

e merecer respeito.
Mora no meu peito

uma velhinha saudade

pisada de sofrer...

de sorriso franco,

não se queixa do frio,

oferece-me o leito...
Com um olhar de jeito

sereno e macio,

por mim a um Anjo

sabe interceder...

Bondosa Saudade

Que eu trago no peito!

*****


"Levaste-me a alma
Ao escolheres o Céu,
Mas mil eu daria
E quanto tenho de meu,

Para merecer ter sido a fonte,

O abrigo, o albergue,
O suporte e o sustento
Da tua vida tão breve..."



Dois anos deTi... ...Uma vida de Saudade

SEMPRE QUE DEZEMBRO CHEGA



(Dia 8 de Dezembro, dia santo, faz anos que nasceste, filha. Vinte e três... e os dois anos que te tive comigo, parecem-me sempre tão breves e luminosos como o Domingo daquele Dezembro, tão cheio de luz e azul cristal... e gorjeios inocentes de passarinhos que se deixaram ficar no Inverno, só para te saudar... naquele Domingo de louvor e Sol...)




Sempre que Dezembro chega

E te derramas em saudades

De chuva fria e gemente,

Sinto o Sol daquele dia

Em halos de divindade

A'ninhar-me a alma caída...








...e o vento sopra-me as feridas

pungentes do recordar,

assobia-me as cantigas

dos meus beijos de mimar...








Quando Dezembro chega

E gela as lágrimas que esbanjo

Sobre a terra fria e serena...

Sinto flocos de neve caírem

Como penas de asas d'anjo

E a minha alma roçarem...



...e os carinhos que nela moram,

Desistentes de migrar

Piam dores que alimentam

Uma canção de ninar...








...e o nevoeiro fia-me o linho

do sudário onde medito

o rosário do carinho

que eternamente repito...









( Diana Maria - 08/12/1985**22/12/1987)

escrito em 07/12/2008