quinta-feira, 17 de abril de 2008

RIMAS QUE CHORAM

Saiam do caminho, rimas,
Hoje não quero rimar,
Meu coração está em lágrimas
E vocês ousam brincar?

Parem de entoar cantigas
Como quem canta o amor,
Esta dor que me castiga
É espinho órfão de flor!

Tenham piedade, harmonias,
É negra a minha saudade,
Tão negra que os meus dias
Escurecem por caridade.

Porque afloram o meu choro?
Não vos peço, só desejo
Que esta prece que oro
Seja lamento num beijo!

Beijo que quero que seja
Doce, saudoso e alado
P'ra chegar a uma princesa
Dum reino no céu encantado.

No meu coração de mãe
Guardo seu berço e escrevo
Versos que rima não têm,
Só lençóis do meu enlevo...

Não insistam, doces rimas,
Sei da vossa intenção.
Poesia, sei que me estimas,
Mas não quero versos, não...

...Só quero a doce menina
Que chora o meu coração...



(escrito em 1990)

sábado, 12 de abril de 2008

BONECA DO MEU ALTAR


Guardei de ti a imagem de boneca
Que brincou no calor do meu regaço...
Fazia-te, nos cabelos, doce laço,
Em jeito das asas de borboleta...

Guardei-te no cofre da minha alma,
Já que a Vida te recusou um lugar...
Talvez p'ra teu brilho preservar...
Talvez p'ra que fosses o meu bálsamo...

Guardei o teu brilho num lugar
Onde só o meu coração o pode ver,
Boneca de vivo amor, que é só meu...

Guarda-me tu, doce Anjo, no altar
Da saudade que vive até eu morrer...
Boneca, brinca em luz, lá no teu Céu...

ENCONTRO-TE NO CRESCER DA MINHA SAUDADE...

Filha, doce amor,
Minha doçura,
Que os meus olhos não puderam ver crescer,
Cresces em mim, em cada dia, no louvor,
Que a Deus dou, por teus irmãos eu merecer!

Amor, doce amor,
Filha ternura,
Que minhas mãos buscam no vazio do teu berço,
Encontro-te em mim, cada vez que a minha dor
Se ameniza em duas partes do meu terço!

Querida, doce amor,
Frágil candura,
Que a minha alma guarda em moldura de cristal,
Vejo-te sempre, quando olho, embevecida,
Os protegidos da tua aura angelical...