sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Para sempre em mim

Sei que estás aí, meu doce amor.
Algures ao meu lado, ao alcance da minha mão de mãe,
Numa dimensão oculta e superior
que a minha mão não alcança

Sei que estás aí , filha.
Purificando com a tua inocência as minhas lágrimas molhadas de culpas,
Iluminando com a tua luz a escuridão do meu caminho,
Perfumando com o teu cheiro de rosa em botão
o ar que me rodeia.

Sei que estás aí...
Para sempre a minha bonequinha de porcelana,
Meu presente inesperado,
Minha doce estrela cadente, fúlgida e viva, mas tão fugaz
Que os meus olhos não puderam reter,
nem os meus braços conseguiram guardar.

Sei que nunca serás a bela mulher que serias,
Nem chegarás a aprender a Vida,
Nem sofrer a Vida...
Serás para sempre o meu Anjo etéreo, uma tão doce recordação,
que faz o meu peito doer...

O meu coração sente-te tão perto,
E, no entanto, as minhas mãos não encontram a tua presença!!

Quero tanto pentear com os meus lábios os teus cabelos diáfanos!

Colher as tuas faces rosadinhas e fofas num beijo!

Sentir a textura de pétalas aveludadas da tua pele!

Morder a tenrura do teu rostinho fresco!

Dói-me a saudade de ouvir a tua voz pequenina,
O ensaio infantil das tuas primeiras palavras... e.. oh, sim!
Aquela palavra única, bela, mágica, que a tua boquinha preferia:
...MÃE...

...MÃE...
Tantas e tão poucas vezes a Vida te permitiu dizê-la!

Minha querida filha, a vontade que eu tenho de te sentir de novo,
hoje, como sempre, passados vinte longos anos da tua Partida!

Foi apenas ontem que partiste, para mim!
Ontem apenas, porque o meu coração de Mãe não conhece o Tempo,
só o Sentimento.
Não reconhece o direito a nenhuma primavera, a nenhum cair de folhas,
A nenhum rigor de inverno ou ardor de verão,
de te afastar de mim...

Nada nem ninguém te afastará de mim,
Nem a Morte, no seu supremo poder...
Até Ela se renderá à força do meu amor de Mãe,
E só conseguirá, um dia, juntar-nos...

Sei que estás aí, filha querida...
...ao alcance da minha mão!




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