terça-feira, 8 de janeiro de 2008


EXPIAÇÃO



Posso viver a sofrer,
Sofrer é a minha estrada...
Mas sofrer a tua perda
É pranto que se não trava!

Se cumpro pesada pena
Pelo que fiz ou farei,
Não é justo que ainda sofra
Esta dor que não chamei...

Porque me abandonaste,
Suprema e alta clemência?
Porque me deixas curvada
Por uma sana demência?

Não há justiça na Terra,
Ou antes, quem a mereça,
E eu, pobre pecadora,
Só posso pedir que anoiteça...

Que venha a noite encobrir
Os sulcos das minhas lágrimas,
Que venha a Morte abafar
O virar das minhas páginas...

(1988)

Sem comentários: