quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

RIOS DE MIM


Fui nascente de três rios
De água viva do meu ser
O primeiro, amor inteiro,
O segundo, amor profundo,
O seguinte, amor semente
De estrela resplandecente


No meu rio de olhos verdes
Naveguei sonhos em flor!
Nenúfares, açúcares,
A descoberta do alerta,
O despertar do instinto
De Lua-mãe em crescente


O meu rio de olhos de mel
Lavou-me as nódoas da dor
Ternura, doçura,
Multiplicação da cisão
Dum amor sem pôr-do-sol
Em Terra-mãe sol-nascente


O mais cristalino dos rios
Brotou de improvável alvor
Pomo de rosa, formosa
Flor sentida, colhida,
Roubada por vento norte
Da seara-mãe ao poente


Dois rios sulcaram a Vida,
Fruiram minha guarida,
Fluiram em prosperidade...
Um rio aos Céus ascendeu
E arroio celeste nasceu,
Tão longe da gravidade...

As águas desse meu rio,
De ouro e cristal fluído,
Foram tesouro cobiçado
Para fertilizar as flores
Para reflectir as cores
Dum jardim por Deus plantado...


Sei que as lágrimas que esbanjo
As vem recolher um Anjo
Em taça de fina faiança
E nesse regato de luz
As purifica e conduz
Para os meus rios de Esperança...


Três rios que vi nascer...
Dois em busca do viver,
Um em eterno lampejo
De estrelinha protectora
Das vivas águas que agora
Meus lavados olhos bordejam...


Três rios-jardim
No meu maternal horizonte...
...Não sei se fui sua fonte
Ou se eles são fonte de mim...














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